Chegamos ao final do de 2009 e matérias e notícias das editorias políticas dos jornais de Bauru falavam numa provável reforma administrativa do governo municipal. Após um ano de administração, o prefeito municipal já pôde observar o que funciona e o que não funciona em seu governo. Peças deveriam ser trocadas.
Uma dessas peças, numa avaliação quase que unânime, seria o atual secretário municipal de cultura. Vários motivos e fatos sustentam tal mudança, só para citar alguns:
- o Conselho do Museu Ferroviário, não foi instalado (apesar de ser deliberativo e ter que opinar na condução da administração do Museu) e não está em funcionamento desde o começo do ano;
- o CODEPAC só foi empossado apenas em 19/05/2009, após a reclamação de vários integrantes da direção anterior do órgão;
- o Museu Histórico Municipal passa por desmonte e está completamente abandonado, assim como o Museu Ferroviário Regional e o MIS, apesar do empenho e dedicação de seus funcionários e diretores;
- nos museus não aconteceram nenhuma atividade ou exposição especial ou itinerante, como sempre houve, inclusive ficaram parte do tempo fechados até mesmo por falta de funcionários, a freqüência caiu assustadoramente;
- as reformas que vinham caminhando lentamente na “estação da paulista” (mas caminhavam) pararam. O evento “Estação Arte” que havia no local e era sucesso (inclusive serviu de ponto de campanha pra quase todos os candidatos a prefeito) parou. Milhares de pessoas e artesãos, que ali freqüentavam, não aparecem mais por lá;
- em 2009 não foi realizado sequer um passeio da Maria Fumaça;
- a tradicional Feira Ubá, já não conta com qualquer apoio da Secretaria Municipal de Cultura e sobrevive graças a uma parceria com o Banco do Brasil
- as propaladas atividades cultuais em bairros não foram realizadas. As poucas atividades aconteceram de forma amadorista, desorganizada e sem qualquer linha de atuação ou planejamento;
- a Banda e a Orquestra estão sem recursos até para a manutenção básica de seus instrumentos (basta uma rápida conversa com os pais de integrantes, para se ter um retrato da atual situação de esquecimento que as duas corporações municipais têm enfrentado);
- as atividades do bibliônibus foram paralisadas, em conseqüência disto, grande parte de seu acervo se perdeu. O acervo, que está emprestado pelos quatro cantos de Bauru, dificilmente será devolvido em sua totalidade. Alguns milhares de bauruenses deixaram de ter mais este serviço prestado pela secretaria de Cultura, com grande possibilidade de perda de acervo público. Prejuízo na certa;
- a Feira do Livro Infantil teve uma programação fraca e muito inferior aos anos anteriores;
- diferente de 2008, o projeto da OSESP itinerante não passou por Bauru, indo a cidades como Ourinhos e Presidente Prudente;
- os funcionários da Secretaria Municipal de Cultura têm sido vítimas de assédio moral e perseguição política pelo atual secretário (várias reclamações chegaram ao Sindicato e à Corregedoria);
- investiu-se na suposta abertura de uma biblioteca ramal na Vila Garcia, que foi inaugurada as pressas, no final do ano, sem estrutura física e humana (enquanto isso, as demais bibliotecas ramais sofrem pela falta de manutenção);
- as bibliotecas ramais não tiveram nenhum investimento em acervo nem em manutenção dos prédios. A freqüência e a qualidade de atendimento se mantiveram precária;
- a biblioteca municipal não obteve nenhum investimento em acervo, como vinha acontecendo nos últimos anos, a freqüência visivelmente diminuiu. Avançou onde? Teve sim a biblioteca verde que nada mais é do que uma “reorganização do acervo” separando livros que já estavam disponibilizados ao público, com assuntos ligados ao meio ambiente, que foram colocadas em local pintado de verde;
- o Teatro Municipal está abandonado, sujo e sem reposição de equipamentos (chegou-se ao absurdo de artistas e grupos terem de comprar iluminação e doar ao Teatro para poderem se apresentar). Onde está sendo aplicado os 12% de bilheteria cobrado pela Secretaria de Cultura?
- a agenda do Teatro Municipal passou a ser feita diretamente pelo secretário, utilizando somente seus critérios, que, sinceramente, até hoje ninguém entendeu quais são. Ocorre, que desta forma, diversas atividades foram agendadas e tiveram que ser desmarcadas por conflito de datas, pois organização não é a maior virtude do nosso gestor da cultura. Desta forma, a quantidade de atividades no teatro podem até ter se aproximado o número de atividades dos anos anteriores, porém como as confirmações das datas eram feitas muito próximas aos eventos, a quantidade de público presente nos eventos, em diversos casos, foi muito aquém do que seriam em condições normais;
- os cursos de iniciação às artes não aumentaram, diminuíram, pois os cursos de artes visuais, por falta de definição sobre o casarão das artes, que deveria estar sendo restaurado para abrigá-los, ficaram paralisados ao longo de 2009, portanto centenas de vagas deixaram de ser oferecidas aos bauruenses;
- o restauro de composições férreas, uma das frentes do Projeto Ferrovia Para Todos, simplesmente parou. Nenhum projeto de restauração foi iniciado em 2009.
- todos os eventos de destaque durante o ano, Virada Cultural, Revelando São Paulo, foram conquistas da administração anterior. Nada de novo aconteceu ou foi proposto;
- O protagonismo regional na área da cultura, exercido por Bauru, não existe mais. Na Conferência Estadual de Cultura, realizada em São Paulo, em novembro, Bauru não elegeu sequer um delegado (apenas suplentes) à II Conferência Nacional de Cultura (que acontecerá em Brasília em março de 2010). Na I Conferência Nacional, realizada em 2005, Bauru esteve presente com dois delegados (detalhe: o atual secretário colocou-se como delegado de Bauru na Conferência Estadual sem jamais ter sido eleito para o mesmo, pois os delegados eleitos, na Conferencia Municipal, foram outros; o que, no mínimo, é um desrespeito à classe artística de Bauru, sem contar sua irregularidade).
- A Secretaria Municipal de Cultura perdeu espaço para outras secretarias, pois por falta de planejamento, atividades anteriormente comandadas pela SMC, agora tem o comando de outras secretarias.
Os artistas, produtores e agentes culturais da cidade tem tido um tratamento extremamente inadequado por parte do secretário, revelando seu despreparo para o cargo. O mesmo coloca a classe artística da cidade sob julgo de suas ilações, tomando decisões unilaterais e intempestivas que, não só dividem o movimento cultural como um todo, mas, também, dificultam a produção cultural e sua democratização.
Em seu relatório anual apresentado ao Prefeito, o Secretário de Cultura maquia a realidade das ações culturais na cidade, levando o chefe do executivo a acreditar que a cultura em Bauru vai bem. No entanto é notório a todos e de maneira mais sensível aos munícipes que vivem ativamente a cultura em Bauru, que a apresentação do relatório, em Power Point, foi linda, mas a realidade cultural na cidade é feia e vergonhosa.
Existem diversos outros pontos que poderiam servir de referência para uma análise do tamanho da “mentirinha” contada, mas o que citamos já dá pra avaliarmos com segurança.
Para surpresa da grande maioria da classe artística, dos funcionários da Secretaria de Cultura e do movimento cultural da cidade, o Prefeito Municipal declarou, solenemente e taxativamente, que o atual secretário de cultura continuará em seu cargo.
A permanência do atual Secretário da Cultura, Sr Pedro Romualdo, só pode significar duas coisas (ou ambas):
- O prefeito Rodrigo Agostinho não sabe ou ignora a realidade da Secretaria Municipal da Cultura ou sabe e mesmo assim, aguardará o Secretário de Cultura sucumbir na própria soberba e ineficiência.
Porém, a classe artística não pode mais esperar. Contribuir para que os rumos da cidade na área da cultura retomem seus compromissos com a população, é também papel da classe cultural.
Para tanto nós, representantes das mais diversas correntes culturais de Bauru, apelamos ao Sr Prefeito, sempre sensível as demandas culturais, que cumpra seu papel como agente político e ouvidor dos reclames das forças vivas da cidade e coerentemente aos propósitos que o levaram a Praça das Cerejeiras, faça a mudança a favor da cultura Bauruense e de seu povo, que depositou sua confiança na coragem e no arrojo de um jovem político que quer transformar nossa cidade.
Esperemos por dias melhores na cultura de Bauru em 2010.
Bauru, janeiro de 2010.
Associação dos Amigos dos Museus
Associação Bauru Pela Diversidade
Grupo musical de samba e choro Noz Moscada
Grupo musical Monte de Bossa
Grupo Teatral Celeiro de Arte – Madê Correia
Associação Paulista de Corais
Coral Vocalis – Maestrina Hilda Campos
Associação de Preservação Ferroviária de Bauru
Instituto Cultural Umbanda Fest
Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de São Paulo Reino de Oxalá
Grupo de pagode Do Jeito Que Elas Querem
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